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Sistemas agroflorestais: aliados da restauração e do Código Florestal

Abrange: Santa Catarina

Iniciativa: Apremavi, Restaura Alto Vale, BNDES

A associação de sistemas agroflorestais junto à restauração ecológica em Áreas de Preservação Permanente ou Reserva Legal é uma maneira de promover a aplicação do Código Florestal ao mesmo tempo que é uma possibilidade de geração de renda para os proprietários envolvidos.

Dessa forma, aliar sistemas que promovem a diversidade de espécies e o manejo sustentável é uma forma de também contribuir ambientalmente com a conservação dos solos, da água, da biodiversidade e do ecossistema como um todo. Por essa razão, a Apremavi incentiva a implantação de sistemas agroflorestais junto à restauração, e oferece a orientação e as mudas de espécies nativas. Nas agroflorestas existe a possibilidade de reunir culturas agrícolas, erva-mate, frutas nativas, araucárias e plantas adubadeiras. Sendo assim, no âmbito do projeto Restaura Alto Vale, executado pela Apremavi com o financiamento do BNDES entre os anos de 2018 e 2022, foram implantados sistemas agroflorestais em diversos municípios de Santa Catarina.

O projeto tinha o objetivo de restaurar 320 de hectares em Áreas de Preservação Permanente hídricas e utilizou principalmente como metodologias de restauração ecológica o plantio de mudas em área total, o enriquecimento ecológico e a regeneração natural. Sendo assim, a Apremavi orientou diversos proprietários rurais a respeito da implantação de sistemas agroflorestais, e que buscavam, além da regularização ambiental de suas propriedades, a possibilidade de geração de renda. No Planalto Norte catarinense, por exemplo, a principal espécie indicada foi a erva-mate (Ilex paraguariensis), já que é espécie nativa da região, e suas folhas podem ser comercializadas, já que existe um mercado consumidor forte na região Sul, o que torna o cultivo dessa espécie atrativo, ao mesmo tempo que não demanda a supressão de vegetação existente e não prejudica a função ambiental da área. No caso da erva-mate, nas entrelinhas de plantio podem ser plantadas espécies consideradas adubadeiras, como ingá-feijão, que fornecerá sombreamento inicial e matéria orgânica ao solo por meio de podas ocasionais, além de outras espécies que ocupem o espaço entre as mudas de erva-mate e possam receber mais insolação e proporcionar sombreamento à erva-mate, que desenvolve-se melhor em áreas com sombreamento de cerca de 30%. Sendo assim, a erva-mate em um sistema agroflorestal pode ser utilizada junto às metodologias de plantio de mudas, no caso de áreas abertas, ou de enriquecimento ecológico de florestas empobrecidas e com pouca densidade de regenerantes, desde que haja diversidade de espécies junto a erva-mate. Dentre os casos de sucesso com a implantação de sistemas agroflorestais no âmbito do projeto Restaura Alto Vale, está a propriedade de Teresa Schurt Wazny e Mariano Wazny, em Itaiópolis (SC), onde foram plantadas 1050 mudas de árvores nativas. Os proprietários decidiram restaurar a APP do rio que corta a propriedade, estendo o mínimo de quinze metros previsto na legislação para trinta metros, sendo nos quinze metros adicionais foi plantada a erva-mate, espécie com grande potencial econômico na região. Segundo relato de Teresa, o projeto auxiliou na implantação desse sistema: “Na verdade a gente nem tinha essa ideia, vocês (da Apremavi) que vieram com esse projeto e a gente achou que seria uma oportunidade boa; agora a gente vê que ali está se formando uma floresta, um dia vai voltar, não como era antes né! Aquela mata nativa que era antes vai ser difícil de chegar como era antes”, compartilha Teresa em um depoimento concedido a Apremavi. Os proprietários também fazem um relato importante sobre o histórico de exploração da área, em que lembram da época em que as florestas eram derrubadas de forma indiscriminada para a exploração comercial, através da venda de madeira e para a produção de carvão. Teresa relata, ainda, que quando criança trafegava de canoa com sua mãe no rio, e presenciou a retirada de enormes árvores das margens do rio; cita um enorme baguaçu (Magnolia ovata) que foi cortado e que rendeu 16 m³ de madeira, também um enorme pau-óleo, entre outras espécies, como sassafrás (Ocotea odorifera) e pindabuna (Duguetia lanceolata). Hoje, passadas décadas desse histórico, Teresa relata: “É bom ver que as margens do rio serão novamente cobertas por árvores nativas como era antes, vai proteger (o rio). A gente vê que quando dá enchente as margens são destruídas, o plantio será uma proteção! E a erva-mate vai gerar renda, daqui mais um ano vai dar para colher”.

Como contribui para a implementação do Código Florestal

Por serem atividades de baixo impacto por utilizarem práticas sustentáveis, as agroflorestas são permitidas em APPs e áreas de Reserva Legal como aliadas da restauração. Além de oferecerem um retorno econômico aos proprietários rurais sob a forma de extração sustentável de produtos florestais, as agroflorestas possuem inúmeros benefícios ambientais de conservação dos ecossistemas. Ao promoverem um sistema com grande diversidade de espécies e manejo adequado do solo, garantem solos férteis com matéria orgânica, a proteção aos recursos hídricos, e a conservação da biodiversidade regional. No caso da erva-mate, como já mencionado, é possível realizar a extração das folhas para comercialização, sem que haja supressão da vegetação. Além disso, a erva-mate é aliada na restauração ecológica por ser uma espécie que desenvolve-se melhor em locais sombreados, ou seja, com presença de outras espécies, o que garante diversidade nas áreas de plantio. Dessa forma, a iniciativa de restauração consorciada aos sistemas agroflorestais incentiva os proprietários rurais a restaurar não só áreas degradadas de sua propriedade, mas pode ser incentivo para estendê-las e/ou iniciar outros plantios sustentáveis.

Duração: A implantação da área de restauração e do sistema agroflorestal ocorreu em 202


Financiamento: Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) via projeto Restaura Alto Vale


Metas de redução de desmatamento: A iniciativa estimula a conservação dos ecossistemas naturais e a restauração de áreas degradadas por aliar os benefícios ambientais com os econômicos, o que estimula proprietários rurais a aderirem à prática e a aumentar a cobertura florestal de suas propriedades.


Desafios enfrentados: Práticas de monocultivo predominantes na região e diálogo com proprietários rurais sobre novas práticas sustentáveis.


Detalhes sobre o projeto podem ser acessados aqui e detalhes sobre a iniciativa podem ser acessados aqui.

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